sábado, 4 de maio de 2013

Texto publicado em Maio de 2013 no Jornal Diário Serrano:

 UM NOVO COMEÇO PARA O NÚCLEO SANTA BÁRBARA

Depois de muitos anos, a grave situação de desamparo e precarização do Núcleo Santa Bárbara começou a ter um desfecho positivo.   Foram muitas idas e vindas numa construção de alternativas bastante complexas.
Quando assumi em 2005, o tema da vez era a infraestrutura das ruas, quase todas sem condições de trafegabilidade. A população elegeu esse problema como o mais grave.   Mas a realidade dos apartamentos sempre me intrigou pelo fato de  ninguém assumir como um problema do município, e sempre aparecer  como uma questão simplesmente do estado ou da COHAB.  Nesse caminho nada era feito e a situação cada vez mais se agravava.

Em 2006 resolvi assumir a busca de uma solução definitiva, convidando desde o inicio a Associação de Moradores para acompanhar cada passo das ações encaminhadas.   Sabia de toda a história passada, e o quanto aquela comunidade havia sofrido com mentiras e promessas eleitoreiras por muitos anos. Sabia também do quanto seria difícil alcançar nosso objetivo. 
Portanto, quanto mais seriedade e transparência, melhor.
Parte dos apartamentos estava com a Caixa Federal, através de convênio feito com a COHAB. O Gerente da Caixa na época era o Nestor Jappe, que me ajudou a iniciar o trabalho marcando reunião em Porto Alegre, onde fomos nós o Governo, a Associação de Moradores, COHAB  e Diretoria da Caixa encarregada pela questão.  Pouco aconteceu, mas fruto dessa reunião, conseguimos fazer um acordo para reunir informações sobre a situação de cada apartamento e quem eram os donos originais, mais o volume das dividas.
Fizemos um primeiro cadastramento das pessoas moradoras do Núcleo.   Repetimos mais três vezes.  Criou-se expectativa e muitos acharam que se tratava de mais uma “enrolação” que daria em nada.  
Fomos atrás de recursos no Ministério da Cidades e conseguimos viabilizar num primeiro momento R$ 2.8 milhões(2006).  Logo em seguida no entanto, a Caixa Federal descobriu que não poderia ser investido recursos  vinculado ao FGTS em prédios onde já havia sido utilizado recursos da mesma fonte.  Perdido essa possibilidade, fomos até a Secretária Nacional de Habitação Inês Magalhães  com fotos e vídeo sobre o local.   Sensibilizada, ela informou que era preciso alterar uma resolução do Ministério das Cidades, mas que isso levaria mais de um ano. Em  2009 finalmente participamos da seleção dos valores que hoje estão definidos para o investimento.  Aproximadamente R$ 5 milhões da união e R$ 1 milhão do município.
Na dúvida sobre as condições estruturais dos prédios, fizemos parceria com a Secretaria Estadual de Habitação que contratou a CIENTEC para fazer a análise. Feita a avaliação por um engenheiro especializado, a conclusão apontou as boas condições dos prédios, atentando apenas para o fato de que as escadas deveriam sofrer intervenção com cuidado especial nos pontos em que se apoiam nos prédios.
A equipe técnica da Prefeitura se esmerou em viabilizar o projeto, pois não havia precedente no país.  Projeto feito e aceito pela CAIXA, foi exigido ainda que o município apresentasse solução sobre a situação do esgoto, senão novamente perderíamos o recurso.
Na reunião com a Direção da CORSAN, o Presidente Arnaldo Dutra aceitou assinar um termo de compromisso para recuperar a rede para tratamento do esgoto dos apartamentos.
Também acertamos com a CORSAN a ligação individual da água.
Enfim, marcamos a Licitação e não apareceu empresa interessada.     Marcamos a segunda licitação e a empresa fez proposta maior que o valor previsto.
Na terceira houve vencedor, e a obra teve inicio dias depois.
Na primeira quinzena de dezembro de 2012, em visita na obra com o Presidente da Associação mais o Superintendente da Corsan, constatamos o andamento do trabalho.
As reuniões com a comunidade para a regularização fundiária aconteceram normalmente como previsto, sendo que as pessoas contratadas responsáveis pelo levantamento deverão cumprir com o calendário estabelecido no contrato.
Resolvi escrever esse texto, porque nos últimos dias esse tema veio à tona de um jeito  deformado e pouco esclarecedor. Se a obra  não está andando por responsabilidade da empresa, acho importante propor alterações. O município tem essa prerrogativa.
Só que tentar responsabilizar o Governo anterior pelo andamento da obra, não é algo produtivo e inteligente. A CAIXA FEDERAL não autorizaria a Licitação se houvesse irregularidades, bem como o inicio da obra.   Aliás, a CAIXA também deve ajudar na solução dos problemas que surgiram com o andamento da obra. 
Buscando a boa vontade de todos, minha visão é que se procure reunir todos os envolvidos junto à Superintendência da Caixa Federal em Passo Fundo, e se busque uma solução sensata e definitiva.
O Poder Público sempre vai enfrentar  situações não previstas, que surgem no “andar da carroça”.  Esse é o dia-a-dia dos Governos.  Nada vai estar pronto para sempre, todo dia vai surgir um novo problema que precisará muita paciência e uma solução que ainda não foi inventada.   Essa, é a tão falada vontade política.

Vilson Roberto

Ex-Prefeito de Cruz Alta 2005/2008 e 2009/2012

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