quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Escândalo: Desvendando "Operação Banqueiro"


A Operação Banqueiro e como se uniram as duas maiores fábricas de dossiês da República

O livro “Operação Banqueiro”, do jornalista Rubens Valente, caminha para se tornar um clássico na devassa das relações Estado-lobbies privados, especialmente o capítulo “As ameaças do grande credor”, que descreve a correspondência do super-lobista Roberto Amaral com Daniel Dantas, o banqueiro do Opportunity, reportando e-mails e conversas que manteve em 2002 com o então presidente Fernando Henrique Cardoso e o candidato José Serra.

As mensagens constam de dez CDs remetidos à Procuradoria Geral da República em Brasília – e que permaneceram na gaveta do PGR Roberto Gurgel, que não tomou providência em relação ao seu conteúdo. Leia mais »

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

UPA SEM CONDIÇÕES DE USO???

1-   CADA UM DEVE FAZER A SUA PARTE
Conforme o tempo vai passando, a verdade vai se apresentando mais claramente.  Nada escapa ao tempo.
Quando estamos apenas confortáveis em posição de questionamento do que acontece ao nosso redor, expressamos livremente nossas verdades.  É um comportamento comum achar que sabemos todos os caminhos quando não somos responsáveis pelas decisões.
Falar, falar e falar, parece bastante cômodo e aparentemente inocente.  Os que se enganam sobre si mesmos achando-se capazes e alto suficientes, desabam diante dos fatos e da experiência real sobre o que consideravam de fácil solução: gerir uma folha de pagamento por exemplo.
Primeira reação quando a incompetência aparece, é acusar e colocar a responsabilidade nos outros, nos desafetos.  Criar um fato espetacular e acusar de forma irresponsável. Uma clara demonstração da fraqueza de caráter.
Nesse tipo de postura, a vibração decorrente da personalidade desse perfil de individuo atrai para sua volta pessoas que sintonizam com o mesmo modo de agir. Tem também os que acostumam às circunstâncias e fazem de conta que não sabem do que se trata.
De qualquer forma, acredito sinceramente que não vale a pena ficar batendo na mesma tecla todo tempo, mas às vezes não há outro caminho.  É quase inútil buscar entendimento baseado numa postura civilizada, quando o instrumento utilizado com maestria pelos nossos adversários (e não inimigos) é esconder a verdade.  Esconder os fatos positivos e assumi-los como atos seus é a velha história do “chupim”, que pegando tudo pronto não se importa de assumir injustamente o lugar dos outros...
Um grande político meu amigo, homem de postura decente, me disse que para fazer a boa política existe uma linha imaginária em nossas vidas que não podemos ultrapassar: representa á ética, o caráter, o respeito ao interesse público.  Como ninguém está acima do bem e do mal, e erros acontecem, é preciso ter esses valores para representar com dignidade a população que nos coloca nesses espaços da vida pública.
Com certeza, tem quem ache tudo isso uma grande bobagem. Principalmente os que utilizam a função pública focado em seus interesses particulares e familiares.
2 - QUALIDADE PARA A SAÚDE
Dias atrás, mais precisamente em 27 de Outubro do ano passado, em entrevista ao Jornal Diário Serrano e na imprensa local, o atual Prefeito manifestou-se sobre a obra da UPA em Cruz Alta. Disse entre outras coisas que “é o maior exemplo de má gestão do dinheiro público” e que “o prédio não tinha condições de operar”.
Passado um ano de governo, é hora de começar a falar. A tática se repetiu sistematicamente: desfazer das ações feitas no passado e assumir como suas as obras significativas que estão sendo feitas e que virão a ser realizadas com recursos federais.
Para quem não está acostumado com a tramitação desses projetos, é bom informar que dificilmente se consegue viabilizar uma obra oriunda de recursos federais em apenas alguns meses. Por isso que cinco postos de saúde estão sendo reformados e ampliados, que a obra do entorno da Rodoviária e da santinha foram viáveis.  Que o trator, o caminhão, foram comprados com recursos federais já garantidos em 2012. Que temos Escolas Infantis sendo construídas. E o asfaltamento das vias da cidade que será feito no ano de 2014 com mais de 18 milhões de investimento, foi encaminhado e viabilizado em novembro de 2012.  Para á UPA, deixamos garantido mais de 880 mil do Governo do Estado para compra de equipamentos.
Nos últimos dias, o prédio “sem condições de uso” recebeu parte dos equipamentos carregados em camionetes e “ambulâncias” que entravam com desenvoltura pela lateral da UPA, e nenhuma grande obra retificadora foi realizada. Estranho né?
Nossa contribuição para saúde pública dentre tantas, foi criar uma rede básica eficiente com alguns investimentos que geraram grandes resultados: 10 novos postos de saúde(ESF), Clínica de Fisioterapia,  uma UPA(Unidade de Pronto Atendimento), os serviços do SAMU, a Farmácia Popular e a mortalidade infantil reduzida pela metade.

Vilson Roberto

Ex-Prefeito 2005/2008 e 2009/2012

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Copa do Mundo

Por que a campanha “não vai ter Copa” é irresponsável?

7 de janeiro de 2014 | 08:54 Autor: Miguel do Rosário
turismo
O gráfico acima foi tirado de estudo da Fundação Getúlio Vargas em parceria com a consultoria Ernst & Young, cuja íntegra pode ser lida aqui.
Para me poupar o trabalho de resumir os números apresentados pelo estudo, transcrevo trecho de post de hoje de Eduardo Guimarães, do blog Cidadania, que já fez o serviço:
Estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas em parceria com a renomada empresa de consultoria Ernst & Young para o Ministério do Esporte em 2010 diz coisas muito diferentes das que vêm sendo ditas por esses embrulhões do movimento “Não vai ter Copa”.
Segundo o estudo, a Copa irá gerar R$ 183 bilhões de faturamento em um período de dez anos (de 2010 e até 2019) devido a impactos diretos – investimentos em infraestrutura, turismo, empregos, impostos, consumo – e indiretos – via circulação de todo esse dinheiro no país.
Somente em obras de infraestrutura, os investimentos deverão alcançar R$ 33 bilhões, entre estádios, mobilidade urbana, portos, aeroportos, telecomunicações, energia, segurança, saúde e hotelaria.
No turismo, os números apurados pela consultoria mostram que circularão 600 mil turistas estrangeiros e 3 milhões de turistas nacionais, aumentando em cerca de 50% o faturamento do turismo no país – de cerca de 6 para cerca de 9 bilhões de reais.
Somando empregos para trabalhadores permanentes e temporários, eles devem incrementar o PIB em R$ 47,9 bilhões.
Segundo a consultoria citada, “Os R$ 5 bilhões a serem injetados no consumo pela renda gerada por esses trabalhadores equivalerá a 1,3 ano de venda de geladeiras no Brasil ou 7,2 milhões de aparelhos”.
A expectativa é a de que a Copa crie mais de 700 mil empregos entre permanentes e temporários.
FGV e Ernst & Young ainda afirmaram que devem ser arrecadados “R$ 17 bilhões em impostos, o que representará mais de 30 vezes os R$ 500 milhões em isenções fiscais que serão concedidas à Federação Internacional de Futebol (Fifa) e empresas por ela contratadas para a realização do Mundial”.
Os tributos federais a ser arrecadados com a Copa deverão chegar a R$ 11 bilhões, deixando um saldo positivo de R$ 3,5 bilhões em relação aos investimentos federais na realização do campeonato.
Veja, leitor, o cálculo do faturamento total da Copa, segundo o estudo em tela:
“Os impactos indiretos da Copa na economia do país com a recirculação do dinheiro são calculados pelo estudo em R$ 136 bilhões, até 2019, cinco anos depois da Copa. Um impacto pós-Copa, impossível de dimensionar financeiramente transforma-se em turismo futuro. Além disso, as obras que modernizarão estádios nas 12 cidades-sedes também geram riqueza e impacto no PIB. Este valor, somado aos R$ 47 bilhões dos impactos diretos, leva aos R$ 183 bilhões que o estudo calcula que a Copa vai gerar para o país”.
Então, diante de gastos de cerca de 30 bilhões de reais para realizar a Copa de 2014 no Brasil, haverá um faturamento bruto de 183 bilhões de reais.

sábado, 26 de outubro de 2013

FMI - Uma crítica suspeita

cisne

“Nosso homem” no FMI critica a crítica do FMI ao Brasil

26 de outubro de 2013 | 17:06

Com jeito, mas sem concessões, o economista Paulo Nogueira Batista Jr., diretor indicado pelo Brasil e outros dez países para o FMI, explica e desmonta a crítica feita esta semana pelo Fundo Monetário Internacional à condução da política fiscal brasileira.
O jeito, mais que explicável por ser ele um dos diretores da instituição, não apenas evita a vassalagem como tem o mérito, frequente em Paulo, de não apelar para pedantismo e manobras verbais para ocultar o que se quer e o que se deve dizer. Ao contrário, é quase didático, mostrando que estamos, ao contrário do que se diz, numa posição sustentável e muito, muito melhor que há uma década.
Apenas um esclarecimento, para quem não domina o vocabulário econômico: quando se fala em “anticíclico”, fala-se em uma ação do Estado de estímulo, quando a atividade econômica, em razão de crises, tende a estagnar-se ou a reduzir-se.
No mais, é claro como água o que ele diz.
A crítica do FMI
Paulo Nogueira Batista Jr.
Teve repercussão a divulgação do relatório anual do FMI sobre a economia brasileira. Entre as críticas reproduzidas pelos jornais brasileiros destaca-se a de que estaria ocorrendo deterioração das contas públicas e gradual erosão da política fiscal.
Tem cabimento essa crítica? Um dos principais argumentos dos técnicos do Fundo é a diminuição do superávit primário nos anos recentes e os efeitos que isso teria no controle da demanda agregada e na sustentabilidade da dívida governamental a médio e longo prazos.
Deve-se reconhecer que essas preocupações podem ser relevantes. Em determinadas circunstâncias, a queda do superávit primário pode indicar que as políticas de gastos e tributária estão excessivamente frouxas, ameaçando o controle da inflação ou o equilíbrio das contas externas. Por outro lado, a queda do superávit, combinada com uma carga elevada de juros, pode levar a um déficit alto demais e ao rápido crescimento da dívida pública, ameaçando a solvência do governo.
Mas não parece que essas preocupações sejam centrais no caso atual do Brasil. A diminuição do superávit primário é em parte cíclica, pois reflete o efeito adverso do baixo crescimento da economia brasileira sobre a arrecadação de impostos. Além disso, a política fiscal foi utilizada — de forma moderada — como instrumento anticíclico em alguns períodos, para fazer face à desaceleração da economia. Assim, certa redução do superávit é normal e pode ser até bem-vinda.
O quadro fiscal está muito longe de perfeito, é claro. Mas não se deve perder de vista que houve certo fortalecimento das contas governamentais desde o início da década passada. O déficit público é baixo para padrões internacionais, tendo se reduzido de 5% do PIB em 2003 para 3% em 2013. A dívida pública iíqüida caiu de 60% do PIB em 2002 para menos de 35% atualmente. A dívida bruta — na definição discutível adotada pelo FMI — diminuiu de 80% para 68% do PIB no mesmo período.
A discrepância entre a queda das dívidas líquida e bruta se deve, em larga medida, à acumulação pelo Brasil de reservas internacionais desde 2006. Reflete também as transferências do Tesouro aos bancos públicos para financiamento dos investimentos na economia brasileira.
A forma de cálculo adotada pelo FMI tende a superestimar a dívida bruta, por incluir todos os títulos públicos na carteira do Banco Central, inclusive aqueles que não são usados em operações de absorção de liquidez e não representam passivos junto ao público. A diferença em relação à metodologia adotada pelo Banco Central desde 2008 é grande — o critério de cálculo do Fundo superestima a dívida bruta em quase dez pontos de percentagem do PIB.
A economia brasileira tem, sem dúvida, muitos problemas. Mas a erosão da política fiscal não parece estar entre os principais.
Por: Fernando Brito

sábado, 19 de outubro de 2013

Adão Pretto: um exemplo da boa política

UMA HISTÓRIA A SERVIÇO DA VIDA

Na política como na vida, é muito difícil encontrar alguém que realmente vive profundamente o que fala, e o que pensa.
Já vivi o bastante para contar nos dedos, com satisfação, a alegria e emoção de ter convivido com essas pessoas que ultrapassam os limites das mesquinharias, das fofocas, e da soberba baseada no poder do dinheiro e do cargo que momentaneamente ocupam.
Falo hoje, especificamente, do companheiro das lutas por Justiça Social, Adão Pretto.
Na sexta-feira, dia 18, aconteceu na Câmara de Vereadores de Cruz Alta o lançamento do livro e do documentário em vídeo, que conta resumidamente a história de vida do camponês, pequeno agricultor de Miraguaí-RS, que se espantou ao ver pela primeira vez um acampamento de pessoas sem-terra a beira de uma estrada quando viajava pela região.
De ministro de eucaristia, tocador de gaita e trovador, fez de sua vida uma cruzada em defesa dos mais pobres do Brasil, sendo Sindicalista da entidade dos trabalhadores rurais da sua cidade, conquistou a liderança do MST depois dos primeiros acampamentos na década de oitenta, foi escolhido como candidato a Deputado Estadual e começou uma saga, que o transformou em um grande exemplo  de liderança forte com a forma simples e humilde do povo que representava.
Foi Deputado Federal por seis mandatos, sendo que o último não foi possível concluir. Sempre escolhido primeiro, pelos movimentos sociais que representava.  Uma certa ocasião, nos encontramos em Brasília, por acaso, num restaurante próximo ao seu apartamento e ele me dizia que estava um pouco cansado da experiência do parlamento, das regras que amarravam o avanço das conquistas dos trabalhadores. Queria outras tarefas para fazer avançar a luta do povo.
Normal para quem fez da vida um reflexo honesto das suas convicções.
Dias depois de seu falecimento, eu estava em Brasília para negociação dos recursos para o Núcleo Santa Bárbara, e ao andar por um corredor onde funcionam as comissões da Câmara, vi um banner onde destacava que ali ocorria uma reunião da Comissão de Direitos Humanos e entidades de todo o Brasil para homenagear o Deputado Adão Pretto.  Pego de surpresa, entrei na sala que estava cheia, e tive a honra e a alegria de perceber que o Adão, um homem simples lá de Miraguaí, mas um lutador social como poucos, era homenageado por centenas de entidades e personalidades dos Movimentos Sociais do país.
Enxerguei com meus próprios olhos, aquilo que eu já sabia de histórias contadas, que o Gabinete do Adão era dos poucos, senão o único, que representava os interesses da Classe trabalhadora e suas organizações de luta de todo o nosso imenso Brasil.
Um parlamentar do Brasil, da luta de todos os pobres e explorados de cada canto do Norte, do Nordeste, do Centro-oeste, do Sudeste e do Sul.
Na atividade realizada sexta feira em Cruz Alta, o filho do Adão, Deputado Estadual Edgar Pretto, relatou um fato emocionante e de uma singela grandeza, que não estamos acostumados a ver com frequência nas relações políticas em nosso meio.
Contou ele, que quando o Adão estava no hospital já doente, recebeu a visita de um grupo de Deputados, dentre eles o Deputado Federal Ronaldo Caiado. Quem conhece as lutas pela terra mais ferrenhas da década de oitenta lembra que o Caiado era líder da então UDR, organização dos grandes donos de terra do país. Portanto adversário contundente da visão que o Adão representava. Pois o Deputado Ronaldo Caiado disse aos filhos do Adão naquele momento, que o debate que estabelecia o Adão no Congresso era de alto nível, num padrão ideológico que fazia calar todos os deputados em plenário quando o Adão se pronunciava. Demonstrando o respeito necessário que devemos ter na democracia com nossos adversários que tem consistência de ideias e capacidade de conviver com a divergência, embora de posição antagônica, estava ali uma pessoa capaz de dar um testemunho da importância de uma liderança popular para a vida política do país.
O Adão Pretto que conhecemos, pra bem da verdade, não ficaria a vontade com essas homenagens e elogios sobre sua prática de vida.
Mas para nós, é importante ressaltar os valores que movem homens como o Adão Pretto, pois nos provoca e nos mostra a todo momento, como somos e o que podemos ser.

“ ...Não basta uma virtude passiva; é preciso uma virtude ativa. Para fazer o bem, é preciso sempre a ação da vontade. Para não fazer o mal, basta, apenas, não fazer nada e ficar indiferente às coisas que acontecem.”
(Apóstolo Paulo)
Vilson Roberto
Ex-Prefeito de Cruz Alta – 2005/2008 e 2009/2012





terça-feira, 8 de outubro de 2013

Marina e o "chavismo"...

chavez

Quem ofende os sentimentos de um povo não ama o povo

8 de outubro de 2013 | 07:13

Nada foi mais agradável que começar o dia lendo o que eu gostaria de ter escrito e não pude, pela falta de tempo e de condições.
Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo, porém, lavou-me a alma com o desagravo feito a memória política de Hugo Chavez e aos sentimentos do povo venezuelano depois que Marina Silva apelou para uma referência ao “chavismo” como forma de criticar o PT.
Se ela quer criticar os petistas, tem todo o direito. Vai criticá-los por outras razões, diferentes dos que aquelas que os nacionalistas e trabalhistas como eu o fazem, mas é seu direito.
O “chavismo”, porém, como o “getulismo” foi há mais de 60 anos, não é uma política, mas um sentimento popular e, nos dois casos, provocado na população por ter visto, pela primeira vez e assombrada, um governante se preocupar com ela. Ao criticá-los, dessa forma, pelo “ismo” que criaram, Marina critica o que de melhor estes sentimentos produziram, que vai além dos homens e sobrevive à sua morte, como sobreviveu aqui e lá: a ideia de que o povo tem direitos e que o governo do país pode e deve ser ocupado por quem se preocupe com eles.
E aqui me permito falar pessoalmente, por isso.
Meu avô era um trabalhador humilde, pintor de paredes. Sabia assinar seu nome e ler os jornais. O suficiente para ser um homem esclarecido, como muitos que habitavam Realengo, um subúrbio operário, nos anos 40 e 50.
Portanto, sabia perfeitamente quem foi o governante que lhe possibilitou sair de uma “casa de cômodos”, como eram conhecidos os cortiços na época, para uma boa casa ali, num conjunto de IAPI, no tempo em que os conjuntos habitacionais não “enlatavam” seus moradores.
Também sabia quem lhe tinha proporcionado, como trabalhador, ter uma carteira que lhe assegurava horário de trabalho, descanso semanal e férias e a aposentadoria, que ele adiou o quanto pôde, para não deixar de ser o que sempre foi: um trabalhador.
Igual tinha consciência de quem começou a massificar a escola pública e que fez com que seus filhos pudessem estudar. Minha mãe – que dorme aqui ao lado, no hospital, lutando para viver – tornou-se uma professora primária e pôde educar-me, aliás também numa escola de Getúlio, a Escola Técnica Federalf Celso Suckow da Fonseca, hoje Cefet.
Somos, ela e eu, filha e neto da escola pública, do acesso do povo aos direitos sociais, e, em última análise, também do governante que inaugurou a ideia de que o povo era titular do paìs e não, como na república Velha, “um caso de polícia”.
Nem meu avô, nem minha mãe, nem eu somos ingratos ao ponto de usar o nome de alguém assim como ofensa e, sobretudo, para designar os sentimentos que isto provoca no povo como algo pejorativo. Meu avô pode, na sua simplicidade, ensinar-me muitas coisas: como segurar um martelo pela ponta do cabo, como usar corretamente um serrote e como ser um homem de bem só dependia de nossas decisões e de nosso respeito ao próximo.
São coisas que me permitiram respeitar o trabalho e as pessoas.
Aliás, as incompreensões sobre Getúlio acabam sendo esclarecidas por duas palavras: país e povo. Quem os ama, acaba entendendo o que ele representou. Quem despreza o Brasil e os brasileiros, acaba por odiá-lo, como fez Fernando Henrique ao dizer que sepultaria a Era Vargas, sem contar que o espírito barbudo – um daqueles que, mesmo sem saber, virou herdeiro dos direitos sociais que Getúlio promoveu – de um operário viria enterrar sua vanglória.
Se Marina quer usar chavismo no lugar de lulismo, para não ficar evidente sua ingratidão com o movimento político que a tirou das brenhas do Acre para lhe dar os holofotes de que dispõe hoje, que o faça diretamente.
E se sujeite a carregar o estigma de Caim.
Posto, abaixo, o artigo de Paulo Nogueira.

Marina e o chavismo

Que Marina quis, exatamente, dizer com “chavismo”?
Paulo Nogueira
Bem, coisa boa não foi. Chávez foi usado por ela mais ou menos como Zé Dirceu por Serra num debate com Haddad na disputa pela prefeitura de São Paulo.
“Você é amigo do Dirceu, não é?”, perguntou Serra, uma, duas vezes. Ele parecia achar que o eleitor de São Paulo é um fundamentalista cujo Corão é a Veja. Deu no que deu a estratégia de Serra para derrubar Haddad à base de uma amizade.
Marina demonizar Hugo Chávez é algo que diminui não a ele, que já entrou na história como um homem que não se conformou em ver seu país ser tratado como quintal pelos Estados Unidos e mudou isso com coragem, abnegação, sacrifícios e colossal integridade.
Diminui a ela, porque mostra – se não oportunismo baixo, como foi o caso de Serra – falta de compreensão histórica.
A Venezuela era boa, até Chávez, para uma minúscula elite que vivia em Miami. O petróleo venezuelano acabava fazendo coisas como asfaltar Nova York e inflar a fortuna de uns poucos nativos — pouquíssimos, é mais apropriado.
Os chamados 99% — no caso venezuelano, 99,99% — eram desprezados e mantidos numa pobreza abjeta comparável à das periferias brasileiras.
Chávez acabou com isso.
Colocou os pobres no topo das prioridades quando chegou ao poder, pelas urnas. Os recursos do petróleo passaram a ser canalizados para os próprios venezuelanos, o que valeu a ele um ódio sem limites – e golpista – da parte dos Estados Unidos.
Chávez chegou a ser vítima de um golpe orquestrado pelos americanos e mais a plutocracia contrariada venezuelana, mas dois dias depois voltou ao poder por pressão popular.
Chávez pôs foco na educação e na saúde pública. Deu petróleo a Cuba, e em troca médicos cubanos não apenas foram atender venezuelanos pobres que jamais tinham visto um consultório como também passaram a lecionar em escolas de Medicina.
As urnas consagraram Chávez repetidas vezes. Foi tamanho o impacto de Chávez na Venezuela que Caprilles, o principal líder da oposição, assegurou que manteria os programas sociais chavistas caso vencesse as eleições presidenciais.
No ano passado, uma pesquisa sobre os países mais felizes do mundo colocou os venezuelanos no topo na América do Sul. Chávez elevou a auto-estima de um povo que era invisível para seus governantes.
Um esplêndido documentário mostra o que foi o chavismo: “A revolução não será televisionada”. Recomendo vivamente que seja visto. Ele está no pé deste artigo.
As cenas de devoção e tristeza do povo pobre da Venezuela em sua morte foram extraordinariamente tocantes. Jornalistas de todo o mundo se perguntavam: onde se veria tal comoção na morte de um líder? Na França, na Inglaterra, nos Estados Unidos?
Pausa para rir.
No Brasil, Chávez foi submetido a um linchamento criminoso e incessante por uma mídia que temia acima de tudo que Lula combatesse privilégios – a começar pelos dela, mídia – com a intensidade de Chávez.
O chavismo é um marco fundamental na nova atitude dos líderes sul-americanos diante da predação centenária dos Estados Unidos.
Se Marina não sabe disso, é ignorante. Se sabe, é uma oportunista que está em busca dos afagos da mídia como os políticos dos quais ela diz ser diferente. Fora dessas duas hipóteses, existe a possibilidade de que ela seja uma mistura de ambas as coisas.

Por: Fernando Brito