Reforma
Política
Depois
daquela onda de manifestações no pais inteiro, uma proposta de Reforma Política
veio para mesa de negociação entre Manifestantes, Governo, Judiciário e
Congresso Nacional.
É
a chamada “Reforma das Reformas”. Necessária e em discussão no parlamento a mais
de 18 anos, um absurdo diria. Culpa
dos “políticos” diriam obviamente todos em coro uníssono. Na verdade é o que ouvimos diuturnamente
nas grandes redes de comunicação, portanto é verdade mesmo...
Mas,
como gosto muito de questionar o que aparentemente parece verdade absoluta,
convido a todos a observarem no microscópio da verdade alternativa o que
realmente acontece: a tal chamada classe política não existe de uma forma única. Ela é na verdade uma colcha de retalhos de
interesses diversos. Temos “políticos” médicos, grandes produtores de terra,
pequenos agricultores, sindicalistas, empresários, advogados, professores,
religiosos, jornalistas e tantos outros.
Alguns estão em partidos onde defendem concepções maiores que seus
interesses corporativos, outros não.
Tem
os que são financiados pelas empreiteiras, pelos bancos, pelas organizações de
classe empresariais e de trabalhadores, e os poucos que não são. Muito poucos.
Talvez
esteja de novo exagerando, mas a grosso modo é isso. Vida real.
Será
que alguém representa algum interesse que não aquele que você houve dos
candidatos nas eleições? Melhor, quais
os partidos que tem uma linha programática capaz de resistir a pautas
majoritariamente de interesse de grupos poderosos da sociedade brasileira? Se não fossem as injustiças geradas por esse
sistema que a humanidade criou, tudo pareceria normal.
Ah!
Mas esqueci de um detalhe importante: as
grandes corporações empresariais estrangeiras também jogam esse jogo. Portanto devemos inclui-las nesse sistema
difícil de entender e de interferir com demandas populares.
Bem,
mas e você? Como pretende de forma
permanente interferir? Aliás, deseja interferir? Conhecer e se aprofundar para
ter condições de equilibrar as disputas de interesses?
Disputar
ideias e concepções é parte fundamental desse jogo.
Como
tudo para o qual nos mobilizamos na vida, é preciso estar preparado.
2ª PARTE
O
Deputado Henrique Fontana(PT-RS), vem se desdobrando a mais de dois anos como relator da proposta em discussão no
Congresso, para aprovar um texto que estabeleça mudanças importantes no
processo eleitoral do país. Um dos
temas centrais é o financiamento de campanha: privado ou público? Devemos permanecer com a atual realidade em
que as campanhas são financiadas principalmente pelas empresas?
O fato de que a sociedade não se reconheça
representada no Congresso, embora seja ela que o elege, se dá por isso, pela
forma como as campanhas refletem o peso do dinheiro e condicionam fortemente a suposta
liberdade de escolha dos cidadãos através do voto.
Uma aprovação do financiamento público vai
encontrar grandes resistências – em setores economicamente poderosos da
sociedade e boa parte dos partidos Alguns
partidos mais conservadores e partidos de aluguel buscam sabotar o plebiscito
ou se opõem diretamente a ele.
Mas
Reforma Política não se refere apenas a questões sobre eleições. Nela podemos incluir formas de participação
direta que hoje não existem. Mecanismos
de decisão sobre o orçamento federal e dos estados, onde a sociedade possa a
cada tempo influenciar nos objetivos estratégicos do país.
Porque
não, cada um de nós assumirmos maior responsabilidade? Todo processo de reivindicação traz em si
uma necessária renovação ou mudança da forma de fazer aquilo que se
critica. É uma oportunidade que não
podemos perder.
Por
isso a ideia de Constituinte Exclusiva para elaborar uma ampla Reforma Política,
no meu entender, seria o melhor caminho para envolver de forma mais qualificada
as pessoas e as entidades organizadas. Uma eleição de Parlamentares para esse fim
específico tornaria o tema e seus meandros, de conhecimento da maioria, o que
daria um salto de politização tão necessária para todos, oportunizando
principalmente aos mais jovens um contato positivo com a política.
Embora
tenhamos tantas dúvidas nesse momento, disso eu não tenho: o Brasil é um país
que cresceu e se desenvolveu bastante nos últimos anos, gerou oportunidades
para seu povo, e precisa agora de mais democracia, só isso.
Vilson Roberto
Ex-Prefeito de Cruz Alta -
2005/2008 e 2009/2012
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