Mudanças...
“Quando tínhamos todas as respostas,
mudaram as perguntas.”
(O Livro dos
Abraços-Galeano)
Sem dúvida, espero que os acontecimentos recentes
estabeleçam uma mudança mais profunda no processo de Democratização das instituições
públicas. A DEMOCRACIA REPRESENTATIVA ESTÁ CAPENGA A MUITO TEMPO.
Precisamos aprimorar e inventar novas formas de participação direta e
permanente da população.
Quem quer realmente mudanças profundas?
Para que segmentos da sociedade atual a realidade
do país está muito boa? Ou simplesmente Boa? Regular talvez? Ou muito Ruim?
Quem das forças políticas partidárias, empresariais
e de movimentos institucionalmente organizados tem condições de atirar a
primeira pedra?
Penso que pelas diversas bandeiras apresentadas
durante as manifestações, fica uma sensação de Movimento de “inconformidade antissistema”,
como disse o Governador Tarso Genro.
É verdade que parcela significativa da população,
segundo dados do IBGE, alcançaram na última década um padrão de vida melhor. E que uma parte importante dos mais Jovens
tiveram facilitado o acesso ao Ensino Técnico e Superior com a criação de 290
Escolas Federais e 14 Novas Universidades.
Lembrando ainda de mais de 1 milhão de vagas do PROUNI criadas, chegando
a um total de estudantes em Universidades no país de 6,7 milhões(em 2002 era
3,5 milhões), garantindo pela primeira vez o acesso de pessoas das classes mais
pobres ao ensino superior.
Porque então essa reação? Para darmos mais passos adiante!
Será que esses avanços criaram possibilidades de uma Juventude mais crítica e revolucionária? Ou foram simplesmente as redes sociais?
Apenas para refletir: será possível que
nossos antigos governantes tinham mesmo claro que povo instruído se torna mais
crítico e consciente? Por isso não investiram em Educação?
Lembro que nas grandes manifestações da
década de 80 e 90 isso fazia parte de nossos argumentos e das nossas criticas,
pois povo sem educação fica mais fácil de controlar.
Se isso porventura tiver um pouco só de
verdade, imaginem como será quando os recursos do Pré-sal estiverem sendo
investidos na educação, como quer a Presidenta.
De qualquer forma, e em quaisquer governos, a
pressão é necessária. Pois é preciso
avançar mais nesse e em outros temas, como a questão levantada do Transporte
Público que traz a tona uma necessária discussão sobre mobilidade e cidade
sustentável. Para isso, sabemos que faz
falta ao Planejamento democrático de uma cidade, um movimento urbano forte,
capaz de disputar a construção de uma cidade melhor, que não sirva apenas a
lógica especulativa do negócio imobiliário.
Além disso, vem a necessidade de maior participação
e maior responsabilidade na hora de votar, por exemplo, não esquecendo no dia seguinte
quem foi seu candidato. E acompanhar
mais de perto as ações de quem nos representa.
Um outro bom caminho, é buscar reforçar a
participação nos Conselhos existentes para maior controle das políticas
públicas. Aprimorar as leis para maior controle
no uso de recursos públicos e concessões de serviços públicos.
Mas com certeza é preciso mais.
Mais difícil no entanto, será mudar nossos
conceitos e criar uma nova cultura política, para que algo mais intenso e
importante aconteça como resultado dessa luta.
Por que se realmente queremos mudanças profundas,
precisamos olhar honestamente para nossas instituições e mecanismos de poder
existentes para melhorá-los: como o Judiciário e a forma de escolha das cortes
superiores, o Poder Executivo e os parlamentos em todas as esferas, as Grandes
Redes de Comunicação, o Sistema Financeiro e seus lucros descomunais e tantos
outros.
Se é para revirar a terra e preparar nova
semeadura, sejamos sensatos, lúcidos e democraticamente radicais.
Vilson Roberto
Ex- Prefeito de
Cruz Alta – 2004/2008 e 2009/2012
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