segunda-feira, 24 de junho de 2013

Mudanças...
“Quando tínhamos todas as respostas,
mudaram as perguntas.”
(O Livro dos Abraços-Galeano)

Sem dúvida, espero que os acontecimentos recentes estabeleçam uma mudança mais profunda no processo de Democratização das instituições públicas.   A DEMOCRACIA REPRESENTATIVA ESTÁ CAPENGA A MUITO TEMPO.   Precisamos aprimorar e inventar novas formas de participação direta e permanente da população.  
Quem quer realmente mudanças profundas? 
Para que segmentos da sociedade atual a realidade do país está muito boa? Ou simplesmente Boa? Regular talvez? Ou muito Ruim?
Quem das forças políticas partidárias, empresariais e de movimentos institucionalmente organizados tem condições de atirar a primeira pedra?
Penso que pelas diversas bandeiras apresentadas durante as manifestações, fica uma sensação de Movimento de “inconformidade antissistema”, como disse o Governador Tarso Genro.
É verdade que parcela significativa da população, segundo dados do IBGE, alcançaram na última década um padrão de vida melhor.  E que uma parte importante dos mais Jovens tiveram facilitado o acesso ao Ensino Técnico e Superior com a criação de 290 Escolas Federais e 14 Novas Universidades.   Lembrando ainda de mais de 1 milhão de vagas do PROUNI criadas, chegando a um total de estudantes em Universidades no país de 6,7 milhões(em 2002 era 3,5 milhões), garantindo pela primeira vez o acesso de pessoas das classes mais pobres ao ensino superior.
Porque então essa reação?  Para darmos mais passos adiante!
Será que esses avanços criaram  possibilidades de uma Juventude  mais crítica e revolucionária?   Ou foram simplesmente as redes sociais?
Apenas para refletir: será possível que nossos antigos governantes tinham mesmo claro que povo instruído se torna mais crítico e consciente? Por isso não investiram em Educação?
Lembro que nas grandes manifestações da década de 80 e 90 isso fazia parte de nossos argumentos e das nossas criticas, pois povo sem educação fica mais fácil de controlar.
Se isso porventura tiver um pouco só de verdade, imaginem como será quando os recursos do Pré-sal estiverem sendo investidos na educação, como quer a Presidenta.
De qualquer forma, e em quaisquer governos, a pressão é necessária.  Pois é preciso avançar mais nesse e em outros temas, como a questão levantada do Transporte Público que traz a tona uma necessária discussão sobre mobilidade e cidade sustentável.   Para isso, sabemos que faz falta ao Planejamento democrático de uma cidade, um movimento urbano forte, capaz de disputar a construção de uma cidade melhor, que não sirva apenas a lógica especulativa do negócio imobiliário.
Além disso, vem a necessidade de maior participação e maior responsabilidade na hora de votar, por exemplo, não esquecendo no dia seguinte quem foi seu candidato.   E acompanhar mais de perto as ações de quem nos representa. 
Um outro bom caminho, é buscar reforçar a participação nos Conselhos existentes para maior controle das políticas públicas.   Aprimorar as leis para maior controle no uso de recursos públicos e concessões de serviços públicos.  
Mas com certeza é preciso mais.
Mais difícil no entanto, será mudar nossos conceitos e criar uma nova cultura política, para que algo mais intenso e importante aconteça como resultado dessa luta.
Por que se realmente queremos mudanças profundas, precisamos olhar honestamente para nossas instituições e mecanismos de poder existentes para melhorá-los: como o Judiciário e a forma de escolha das cortes superiores, o Poder Executivo e os parlamentos em todas as esferas, as Grandes Redes de Comunicação, o Sistema Financeiro e seus lucros descomunais e tantos outros.
Se é para revirar a terra e preparar nova semeadura, sejamos sensatos, lúcidos e democraticamente radicais.  

Vilson Roberto

Ex- Prefeito de Cruz Alta – 2004/2008 e 2009/2012

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