SAÚDE:
LUTAR É PRECISO
Em
Cruz Alta, tenho acompanhado o tema da Saúde Pública desde o inicio da década
de noventa, quando existia ainda a Comissão
Interinstitucional de Saúde, que depois veio a se transformar em
Conselho Municipal de Saúde.
Eram
tempos bem diferentes aqueles, pois a ideia de democracia não era tão popular,
e o movimento ligado aos sindicatos e movimentos sociais para fiscalização e
acompanhamento dos serviços de saúde não eram bem aceitos pelas instituições
públicas e privadas. Por algum tempo
depois de 1993, quando criamos o Conselho Municipal de Saúde, houve um profundo
enfrentamento com as instituições hospitalares na cidade, que tiveram que se
adaptar a uma nova realidade, mesmo que inicialmente contra sua vontade.
Realidades
que se hoje forem conhecidas, serão vistas como inimagináveis, dado o atraso e
a perversidade impregnada nas atitudes dos administradores daquelas
instituições. A população sequer soube com mais detalhes do que foi feito,
menos ainda dos resultados que culminaram numa mudança importante nos
procedimentos internos com a saúde da população.
Essa
luta pela implementação do SUS, sua regras e legislações complementares, foi
uma verdadeira revolução a favor de um atendimento de qualidade ao conjunto da
população.
A
luta se concentrava em algumas entidades organizadas, como o Sindiesca,
Sindicato dos Bancários, Cpers, Uamca e Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
Enfrentar
uma das forças mais poderosas da cidade, quase intocável no período da
ditadura, por conta das relações de poder vinculadas as famílias tradicionais,
foi um dos primeiros fatos a destacar no processo de abertura política que
acompanhamos durante quase uma década pós 1985.
Mas
o objetivo estratégico tinha que avançar: criar uma estrutura pública mais
qualificada para permitir que um projeto de saúde preventiva pudesse se
estabelecer.
Em
2008, projetamos a necessidade de ampliar drasticamente as estruturas de uma
rede básica de Saúde, ainda insipiente naquele momento.
Saímos
de 5 ESF`s(Postos com Equipes de Saúde de Família), para 15, sendo que destes
um ainda não foi inaugurado e um está em construção.
O
potencial de atendimento com pessoas referenciadas em cada unidade(+ ou - 3.500),
passará de 17 mil pessoas em 2005, para mais de 50 mil nos próximos meses. Isso já alterou uma situação que era a
falta de AIH´s(Autorização de Internação Hospitalar) para Cruz Alta,
determinando claramente uma redução nas internações na cidade.
Também
foi reduzido a Mortalidade Infantil quase pela metade, pois os postos estão
mais próximos das pessoas, com uma estrutura de pessoal bastante qualificada.
Com
a UPA-Unidade de Pronto Atendimento funcionando, a população terá acesso a
serviços totalmente gratuitos, com equipamentos novos e funcionando 24 horas
por dia, num investimentos que ultrapassa os 2,5 milhões.
Mas
a pergunta que pode vir na mente de quem está lendo essa matéria, é o que mesmo
tem a ver a história de lutas passadas com a realidade de hoje?
É
que nós podemos vivenciar, graças a vontade da população nas eleições de 2004 e
2008, uma transformação que foi gestada na luta permanente dos Movimentos
Sociais. Um fato ainda único na história
de Cruz Alta.
Nossa
visão sempre foi de que o Poder Público Municipal tinha que desenvolver uma
Rede Básica eficiente e um atendimento de emergência competente. Os Hospitais qualificados como estão hoje,
terão a missão de ampliar os demais serviços de média e alta complexidade, além
de bem atender as pessoas que necessitem de internação, seja pelo SUS, seja
pelos Planos de Saúde privados.
Essa
caminhada construída na adversidade, mas com visão estratégica muita clara, faz
a diferença na vida de muita gente no dia-a-dia da nossa cidade, dando conta,
que a luta feita com responsabilidade vale a pena. As mudanças que nos propomos realizar em
favor da maioria, precisam para valer a pena, ter sempre um efeito mais
duradouro, para que a vida em comunidade melhore para todos.
Vilson Roberto
Ex-Prefeito de Cruz Alta – 2005/2008
e 2009/2012.
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